Trago boas novas

Por Portal Opinião Pública 20/08/2020 - 10:30 hs
Foto: Divulgação

Por Dr. Cincinato

Acho que é senso comum que o ano de 2020 não tem sido fácil pra ninguém. Pela primeira vez na história moderna, vivemos uma pandemia mundial, e o mundo se transformou radicalmente, há apenas cinco meses.

Apenas? A duras penas, eu diria!

Precisei refletir. Afinal, crescimento, evolução só se conquista vivenciando batalhas. E todo esse sofrimento que a pandemia tem nos feito passar não pode ser em vão. O medo do desconhecido, as perdas e o sentimento de impotência, a solidão do isolamento que nos foi imposta, a crise financeira, tudo isso também trouxe ensinamentos.

"Como assim, doutor? O que esse corona trouxe de bom?"

Amigos, acreditem, apesar de tudo, eu vejo mudanças positivas.

- A vida estava cada vez mais corrida, tempo pra nada. Acordar cedo, pegar o carro ou a condução, ir pro trabalho, oito, dez horas de estresse, voltar pra casa, tomar banho e dormir, porque no outro dia, tinha tudo de novo. Os projetos pessoais iam ficando de lado, as relações familiares esquecidas, até que se pudesse tirar férias. Um dia, tudo teve que parar. E, entre assustadas e encorajadas, as pessoas foram limpar suas casas, cozinhar para seus queridos, ler livros, conversar, fazer pão, artesanato... Mudamos nossa percepção do tempo, passamos a valorizar o presente.

- A internet, principalmente as redes sociais e os apps de mensagem, nos transformaram em pequenas ilhas, cada qual agarrado ao seu celular, comunicando com os de longe, ignorando quem estava perto. Hoje, aprendemos a valorizar o abraço, a conversa olho no olho, estamos cheios de saudades uns dos outros!

- A pandemia e a necessidade do isolamento, novas regras de higiene e distanciamento, expuseram as mazelas de nossa sociedade injusta, o abismo sócio-econômico que divide as classes. Havia os que podiam trabalhar de casa, isolados com suas famílias, mas também havia os informais que não sobrevivem uma semana sem trabalhar. Também havia as sub habitações, onde oito, dez pessoas dividem dois cômodos insalubres. E pior, havia aqueles que não têm um teto.

Um choque de realidade, como se de repente, toda uma população invisível se materializasse diante de nós.

Pois bem. Campanhas, movimentos, vaquinhas, o país inteiro começou a se mobilizar em prol de quem precisava. A sociedade civil, independente das ações governamentais, se mobilizou, ressignificou a palavra solidariedade.

- Nos transformamos em testemunhas vivas da História e, ao lado da triste realidade de infectados e mortos, também vimos a Ciência se acelerar e mostrar o tamanho de sua importância. Hoje são quase 170 vacinas em desenvolvimento no mundo, seis delas em estágio avançado,  quatro em fase de testes no Brasil. Essa corrida científica trouxe muita evolução paralela, assim como muitas indústrias se reinventaram para produzir os insumos, materiais de saúde necessários, EPI's que começaram a faltar no mercado. Da crise nasce a superação e a oportunidade.

No Reino Animal, comparados aos outros, perdemos em quase tudo. Não somos os mais fortes, nem mais velozes, não sabemos voar, não respiramos embaixo d'água, nem temos super capacidade de regeneração.

Sabe no que somos bons? Em nos adaptar. E readaptar. E de novo, quantas vezes necessário.

Nesse momento - que ninguém se engane, a pandemia não acabou e o perigo é o mesmo! - estamos reaprendendo a viver.

Esqueça o mundo e a vida até março de 2020, nada será como antes. A vacina virá, em breve, mas a velha maneira de viver precisa ser esquecida. Menos consumismo, menos egocentrismo, menos competitividade e futilidade.

Um dos maiores ensinamentos dessa pandemia é que de agora em diante precisamos pensar mais como comunidade, menos como seres individuais.

A única maneira de vencer o vírus é o distanciamento, seguir todas as regras de higiene, assim como o uso de máscaras. Portanto, nunca precisamos tanto uns dos outros. Nunca foi tão importante cuidar uns dos outros. Será que o novo coronavírus veio ensinar ao ser humano a ser mais humano?